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segunda-feira, abril 24, 2006

BD - Mandrake -


A figura não podia ser mais singular: fato de cerimónia preto sempre impecavelmente engomado, composto por fraque, capa espanhola e cartola, mais cabelo com brilhantina e bigodinho fino. E bengala, claro. Eis Mandrake, um herói clássico da banda desenhada norte-americana cujo nome se inspira na planta homónima, a mandrágora, a quem os antigos atribuíam propriedades mágicas. Mais parece um personagem de teatro "Belle Époque" ou um artista de circo, mas em vez de tirar coelhos da cartola perante um público selecto, combate o crime e os seus agentes. Viaja pelo Oriente - vai diversas vezes à Índia e ao Tibete - e percorre mesmo mundos estranhos e fantásticos, passando por principados bizarros, países liliputianos e até pela "dimensão X", debatendo-se com plantas carnívoras, máquinas bizarras, borboletas encantadas, gigantes, seres humanos com crista, múmias e outras criaturas temíveis. Não está sozinho nessa saga, apesar dos poderes de que foi investido pelo criador, o americano Lee Falk. A seu lado está Lothar, um gigante negro que foi príncipe africano e abdicou para servir Mandrake, mas não prescinde do seu inconfundível fato de pele de leopardo. Narda, a bela princesa de origem balcânica que o segue por toda a parte e se torna a sua noiva eterna, completa o grupo. A ideia da história surgiu na cabeça de Falk uns 10 anos antes de ser apreciada e comprada pelo King Features Syndicate, a quem apresentou o fruto do trabalho de duas semanas durante uma viagem a Nova Iorque. "Para minha surpresa, compraram a 'tira'", recordou em 1975 numa entrevista. Sem grande opinião a respeito do seu próprio talento gráfico, convenceu o seu amigo Phil Davis a desenhar a série - o herói é em grande medida fisicamente inspirado na figura do desenhador -, que surgiu inicialmente em "strip" diária em Junho de 1934 e em pranchas dominicais ("sundays") no dia 3 de Fevereiro do ano seguinte. O êxito popular foi imediato e a dupla não mais parou de desenvolver a série até à morte de Davis, em 1964. Sucedeu-lhe Fred Fredericks, mas a frescura gráfica perdeu-se e a obra acabou por padecer do mesmo declínio que caracterizou a quase totalidade dos grandes heróis e personagens míticos da chamada "época de ouro" dos quadradinhos americanos. Pode dizer-se que há dois Mandrakes numa mesma série: um mais imaginativo e fantástico nas pranchas dominicais e outro mais prosaico e envolvido em tramas de matriz policial nas tiras diárias. Em ambas, Mandrake enfrenta adversários duros - alguns de peso, como o seu irredutível arqui-inimigo Cobra -, mas sempre sem recorrer à violência, no que é uma das características mais singulares do personagem. Esses atributos são, aliás, uma prerrogativa do seu "ajudante de cor, o gigantesco africano Lothar, vestido como um carregador de safari", sublinha o crítico Javier Coma para evidenciar o que considera ser uma "demonstração palpável do subconsciente racista" de Mandrake. No princípio, o mago tinha reais poderes mágicos que provocavam a perplexidade de quantos os presenciavam. Graças a um gesto subtil, o herói torna-se invisível, as balas viram-se contra quem as dispara, os objectos ganham vida e os animais falam, para serem vistos de uma forma que escapa totalmente à lógica corrente de percepção dos sentidos. Mais do que uma ilusão, é como se fosse proporcionada uma experiência única e directa da natureza mais essencial do mundo envolvente, que os leitores (tal como os protagonistas das aventuras) são convidados a olhar na sua genuína condição. É durante esse período que as incursões por universos e mundos fantásticos são recorrentes, contribuindo para conferir à obra uma deliciosa e encantadora magia. Foi sol de pouca dura, porque Mandrake tende rapidamente a ser um mero prestidigitador que tira todo o partido do seu olhar penetrante, da sua energia hipnótica e do que poderia ser designado por uma invulgar "energia mental". Perde-se a magia para se ganhar um justiceiro que aposta na sua "superioridade moral" e nos truques de feira para triunfar sobre os bandidos de todas as latitudes, confundidos com uma lista incontável de golpes de ilusão de óptica a que submete todos os opositores. Feitas as contas e seja qual for o ângulo por que se veja a série, é justo reconhecer que Mandrake conservou sempre uma certa elegância de processos e de atitudes. Na sua singularidade, é um herói que marcou de forma indelével gerações sucessivas de leitores de "comics", incluindo em Portugal, onde apareceu pela primeira vez em 1950 nas páginas do "Mundo de Aventuras".
[ ouvindo mp3...Deep Purple - "Mandrake root" ]


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